Imaginários turísticos no Estado Novo português
Author
Cadavez, CândidaDate
2015Abstract
No ano de 1940, perante uma assembleia de representantes das juntas e das comissões de turismo
que visitava as instalações do Secretariado de Propaganda Nacional, António Ferro afirmou que Portugal era
uma impressionante exposição de turismo nacional e que quem pretendesse construir o país ideal de turismo
apenas teria de realizar o “diorama pitoresco de Portugal” (Ferro, 1948: 36). Estas declarações levam-nos
a evocar as iniciativas agenciadas pelo principal responsável pela criação e pela divulgação da imagem de
Portugal, também enquanto destino turístico, entre 1933 e 1949.
Pretende-se demonstrar o modo como, em plena implementação do Estado Novo, as estratégias de representação de Portugal como palco de movimentações turísticas teimavam em apresentar um espaço simultaneamente uno e heterogéneo. Esse propósito, claramente ideológico, condicionou toda a arquitetura do destino
turístico, elevando-o a uma condição de artificialidade que quase o aproxima dos “não-lugares” de Marc Augé. In 1940 António Ferro told a group of tourism professionals visiting the Official Bureau of Propaganda that Portugal was an impressive exhibition of national tourism. As such, anyone willing to build the
ideal country of tourism would just need to prepare a “picturesque diorama of Portugal” (Ferro, 1948: 36).
Those statements recall the several initiatives developed by Ferro, the main responsible for the architecture
and the spreading of the image of Portugal, also as a tourism destination, between 1933 and 1949.
This article aims at showing how the strategies for representing Portugal during the implementation of the
nationalist oriented political regime Estado Novo insisted on the displaying of a simultaneously homogeneous and heterogeneous destination. That clearly ideological purpose would constrain even more the shaping of tourism destinations which would therefore borrow on a kind of artificiality similar to the one present
in Marc Augé’s non-places.